OS FRUTOS DO PERDÃO – Parte I

Como afirmam as Escrituras Sagradas, nenhuma outra forma de demonstração de amor puro e genuíno poderá ser comparado ao gesto misericordioso praticado por Deus ao homem, quando decidiu dar a vida de seu único Filho na cruz para resgata-lo da condenação eterna, sendo ele ainda pecador e imerecido do seu perfeito perdão, e que de maneira gratuita veio a receber como prova da paciência de seu Criador (grifo do autor) Quem de nós, seres humanos falhos e imperfeitos, egoístas e sem a menor inclinação para nós preocuparmos verdadeira e profundamente com as necessidades alheias, seríamos capazes de tamanho sacrifício a favor do resto deste mundo onde somente o pecado impera na forma de rebelião permanente, transformando os corações petrificados pelo mal em insensíveis habitações do mal?
A verdade é que, com exceção da história de Abraão, patriarca dos Hebreus que se destaca no contexto bíblico como o único homem que por ter sido crente nas promessas feitas a seu respeito e da futura nação de Israel não se negou a dar para o Senhor seu único filho, ninguém mais neste mundo seria capaz de tão profunda expressão de amor para com está ou qualquer outra geração que já tenha existido ou que venha a existir na terra onde habitamos. O ato sacrificial de Cristo, que concluiu o plano salvífico do Pai para com seu povo perdido, foi e continuara sendo a maior prova de amor que alguém poderia nos dar. Recebemos gratuitamente de um ser infinitamente puro, santo e perfeito a oportunidade de ser resgatados de nossas culpas após ter passado grande parte de nossas existências na mais completa rebelião contra suas leis e estatutos, e isso nos foi concedido sem merecermos, sem nada ser pedido em troca, nem nos será jogado em rosto.
O amor de Deus pelo homem caído em pecado é tão profundo que ele não mediu esforços para reintegra-lo ao seu seio familiar para lhe devolver o direito à herança eterna que somente um filho legítimo poderá receber quando findar o tempo para todas as coisas nesta existência temporária. Todos aqueles que com sinceridade confessar a Cristo seus pecados e entregar a ele sua vida, recebendo-o como único e legítimo Salvador de suas almas perdidas, receberão, também, o direito de terem seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro e só se manterem fiéis até o final de suas jornadas serão coroados juntamente com ele para uma nova vida, eterna e que jamais terá fim.
E esta incomparável prova de amor que nos foi dada pelo Pai Eterno é o que devemos nos esforçar para que, também, venhamos a praticar para com nossos irmãos neste mundo. Claro que, de forma alguma, iremos ser capazes de imitar tamanha expressão de compaixão, pois nenhum de nós será capaz de dar a vida de um filho em resgate de quem quer que seja, contudo, a mais simples demonstração de misericórdia na forma de perdão dos erros cometidos por parte dos que porventura nos trouxeram dores e infortúnios, já será o bastante para demonstrarmos nosso interesse em nos assemelhados ao Pai na prática de um amor puro e verdadeiro.

Aquele que se nega dar o perdão aos seus semelhantes que por acaso o tenham causado algum tipo de prejuízo, seja de ordem material, moral ou espiritual, estarão condenando a si mesmos perderem incontáveis bençãos divinas, começando pela absolvição de seus próprios pecados, visto que todos nós pecamos diariamente e indignos somos de receber do Senhor qualquer forma de piedade, a não ser por intermédio de seu Filho Jesus, mas para isso nos é exigido agirmos com semelhante compaixão para com os nossos ofensores. Podemos ilustrar claramente essa condição ao lermos a parábola que se encontra descrita no capítulo dezoito do Evangelho segundo escreveu Mateus, onde observamos a forma injusta como certo homem não se demostrou agradecido pelo perdão recebido e oprimia outro que tinha com ele uma dívida bem menor


“Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;
De, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos.
E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Então o Senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.
Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.
Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que lhe devia”. Mateus 18:23-34
Está parábola nos leva a ver quão justo devemos ser nas nossas atitudes para com nossos semelhantes, sempre dispostos a compreender suas fraquezas e perdoar seus erros ou faltas cometidas contra nós ou a alguém que faça parte de nosso círculo de amizades ou familiar. Guardar mágoas e rancores não nós trará bons resultados, pelo contrário, criara uma raiz amarga dentro do peito que após crescer contaminará todo nosso ser interior, causando uma profunda angústia na alma, distanciando-nos da presença de Deus que deseja a paz entre seus filhos. O perdão é um dom superior, supremo que vem diretamente de nosso Pai Celeste. Perdoar é algo muito difícil devido a nossa natureza pecaminosa que dá mais importância a vingança pessoal do que o esquecimento e a aceitação do mal que sofremos.

Entretanto, aqueles que conseguem tal coisa serão considerados autênticos cristãos e imagens do seu Criador que muito se empenha para que todas as pessoas viviam em total união. Vemos que na história citada a cima que o rei foi misericordioso para com aquele servi que lhe devia uma altíssima soma em dinheiro e o perdoou logo que o viu implorando por sua vida e a de sua família que inicialmente iriam ser levados em cativeiro até que ele quitasse seu débito com as autoridades, contudo, ao se encontrar com um outro que também lhe devia não foi tão complacente como deveria ter sido após receber o perdão do rei e passou a espancá-lo publicamente, sem demonstrar qualquer piedade, apesar dele clamar que lhe desse mais tempo para saudar sua dívida. Com isso, foi novamente levado a presença do monarca que enraivecido com a atitude má daquele homem ordenou sua execução.


No final da parábola Jesus explica aos seus ouvintes que Deus agirá da mesma forma com todos aqueles que se comportarem impiedosamente com seu próximo e não lhe dê o perdão necessário, no momento oportuno, levando em conta que ele enviou seu único Filho para que através de seu sacrifício no Calvário nos proporcionasse incomparável perdão de todos os nossos pecados e nos permitisse a reconciliação necessária para que dessa maneira pudéssemos voltar a ser chamados de seus filhos, herdeiros das bençãos celestiais. Paremos agora para refletirmos nas nossas atitudes tomadas meio a cegueira espiritual na qual muitas vezes nos encontramos para ver se de fato temos agido de forma justa para com aqueles que nos cercam, será que estamos dando aos outros aquilo que de graça recebemos de Cristo?
Em Mateus 10: 8b o Senhor nos adverte sobre a importância de sempre dar de graça aos outros o que de graça recebemos e entre tantas coisas que ele nos deu gratuitamente podemos citar o perdão por nossas iniquidades, algo que nenhum outro poderia fazer. Sempre que alguém nos ferir com injúrias ou palavras devemos nos lembrar da imensa misericórdia com que fomos agraciados por Deus, pois isso nos levará a reconhecer nossa responsabilidade em darmos aos nossos inimigos a mesma oportunidade de se arrependerem de suas más ações contra nós. Paulo disse que o Senhor Jesus deu-se como sacrifício vivo por nós, quando ainda éramos pecadores. Veja que ele escolheu deixar seu trono de glória e vir a este mundo na aparência externa de um homem mortal para trocar sua vida humana pelo resgate de nossas almas, sendo nós perdidos e escravos do pecado e não depois de estarmos justificados.
Da mesma forma devemos agir em relação aos nossos opressores, perdoando-lhes suas ofensas agora, enquanto ainda nos perseguem e nos afrontam para que com isso coloquemos brasas vivas sobre suas cabeças e façamos, por meio desse ato de humildade, arder de arrependimento suas consciências e isso possa lhes levar a compreender o mal que nos causaram. Jesus, certa vez, perguntou aos seus ouvintes:

“E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?” Mateus 5:47 De fato, que vantagem há em fazermos bem somente para aqueles que nos tratam respeitosamente?