PERDOAR NÃO SIGNIFICA ESQUECER, MAS ACEITAR

O que muitas vezes nos tornarmos incapazes de concedermos o perdão aos que nos ofendem não é a incapacidade de compreendermos que todos nós somos falhos, pois disso todos nós somos conscientes, mas por não entendermos de imediato que o ato de perdoar não significa esquecer completamente a maldade a que fomos submetidos, visto que as feridas e por elas causadas em nosso interior nunca saram, mas sim, aceitar que as marcas deixadas por essas machucaduras no nosso íntimo podem ser superadas e apagadas de nossa mente. Ser capazes de adormecer no coração e na alma as cicatrizes causadas pelas pedradas recebidas durante nossa trajetória por esta longa caminhada chamada vida é o que nos tornará aptos a saber perdoar quem por vontade própria ou sem querer tenha nos causado profundas mágoas.


Precisamos entender e aceitar a verdade de que foi exatamente isso que o Senhor Jesus fez em nosso favor, quando escolheu deixar seu lar celestial e vir dar sua vida na cruz para que dessa maneira pudéssemos ser novamente aceitos pelo Pai como co-herdeiros de sua infalível graça redentora que nos permite ter nossa comunhão com ele restaurada. De outra forma se tornaria impossível a salvação de pecadores revelados como nós, imerecido de um dia deixarmos este corpo mortal e habitamos nas regiões celestes ao lado de um Deus santo e todo poderoso. Afinal, como seria possível que pessoas completamente corrompidas e dominadas pelo efeito nocivo do pecado viesse a viver juntamente com um ser tão glorioso a não ser que ele mesmo, por intermediário de sua inexplicável misericórdia, nos alcançasse e concedesse tal condição?


Portanto, torna-se imprescindível ao homem mortal e sem qualquer poder para salvar a si mesmo reconhecer o imenso amor com que foi agraciado da parte do seu Eterno Criador e dividir esta inexplicável graça com outros que iguais a ele, quando ainda era um pobre miserável sem qualquer merecimento, necessita de ajuda para se libertar das amarras do mal que o aprisiona. E, para que se convença disso, basta apenas que nos coloquemos no mesmo lugar em que se encontram aqueles que nos feriram devido a imensa ignorância em que ainda se encontram hoje. Aí, então, veremos que num passado não muito distante também erramos e, quem sabe, até cometemos os mesmos pecados contra nossos semelhantes.

Ocorre, que, por agirmos na maioria das vezes com egoísmo e achando mais fácil apontarmos as falhas alheias do que reconhecermos as nossas próprias imperfeições acabamos por acreditar que somos donos de maior perfeição do que os que porventura tenham nos ofendido.
Entretanto, como o próprio Senhor nos adverte em Mateus 7:1,2 nos não devemos apontar as falhas e erros alheios para que num futuro bem próximo não venhamos a ser, também, criticados ao tropeçamos nas mesmas pedras de imperfeições espalhadas pelo caminho. O alerta “não critiquem para que não sejam criticados” pode parecer pequena demais para as sérias consequências que ela pode trazer a quem não levar em conta sua importância e profundidade, mas, sem dúvida ignorar esse alerta poderá nos trazer terríveis resultados. Afinal, é certo que quem mais se esforçar para parecer perfeito diante de Deus, mais se tornará vítima de maiores fracassos durante a vida inteira, pois a perfeição é uma característica divina, enquanto a imperfeição é um defeito exclusivo do ser humano.

“Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, isto é o que nos advertem as Escrituras Sagradas, deixando claro que ninguém, por mais esforçado que possa ser em buscar uma existência perfeita, pode ou tem o direito de olhar para seu semelhante com desprezo ou ar de acusação por algo falho que tenha cometido, seja contra si mesmo ou a outrem, visto que todos nós somos passíveis de cometer os mesmos erros. Em outras palavras, no momento em que criticamos alguém por algum mal que tenha praticado, Deus identifica em nós injustiças maiores que fizemos contra outra pessoa que não merecia tal tratamento, o que nos torna igualmente culpados. Se analisarmos esses detalhes seremos capazes de perceber que o perdão é algo que se torna necessário tanto para nós como para os outros, ou seja, precisamos perdoar sempre para que sempre sejamos perdoados.

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